Despertar
- Eu não quero saber! quero ir atrás dele! - Berrava Pedro, à sua frente estava o rapaz ruivo que trazia um Javelin nas costas. Dexter tinha as duas mãos no quadril e olhava pro lado, para Phil, com ar de gentil impaciência. Phil apenas ergueu a s palmas das mãos como quem diz "Não olhe para mim, sou um soldado não uma babá".
O estranho guerreiro, Lobo, havia partido a umas duas horas. Dexter e o garoto estiveram pescando, e conseguiram prover o jantar de hoje. Mas quando voltaram e o garoto viu que seu tutor havia partido, ele começou a chorar e a querer seguí-lo a qualquer custo. Um suicídio ja não era o bastante? Phil havia dito a Dexter as palavras do guerreiro antes de partir: Diga àquele rapaz que se quer agradecer pela vida de seu amigo, deve cuidar do garoto com a sua própria.
Pensando nisso Dexter se esforçou um pouco mais.
- Hei garoto, nós somos seus amigos! E antes de partir seu pai nos disse para cuidarmos de você. É só por um tempo, ele garantiu que voltaria em um dia ou dois - Disse Dexter sorrindo, que acreditava piamente que o guerreiro seria destroçado. Afinal, quem poderia sobreviver àquele inferno?
Pedro pensou em dizer que Lobo não era seu pai mas a idéia era muito boa para ser negada.
- Mesmo? - Respondeu o garoto se acalmando.
- Mesmo. Agora por que não enchuga essas lágrimas e vem me ajudar a fazer o fogo? você não quer comer peixe cru quer ? -
Os Dois começaram a trabalhar na fogueira. Phillip e Jones assistiam à cena.
- Aquele cara, Lobo. Você acha que ele vai voltar? - Perguntou Jones, o olhos-brancos.
- Acho que seria incrível. Mas, ele ja nos mostrou que é capaz de coisas incríveis não é? - Respondeu Phil, indicando Zaquerdon com a cabeça. O outrora possuído ainda dormia profundamente. - Não sei se ele vai voltar ou não, mas tenho certeza de uma coisa:Quando chegar ao Posto Avançado, vou esperá-lo. Por mais de um dia se necessário . Acho que ele merece. -
- É, acho que ele merece. - Confirmou Jones.
A fogueira ficou pronta, os peixes assaram e a noite começara a chegar. Todos comiam e conversavam em volta da luz alaranjada.Pedro contou cabisbaixo como a Horda havia chegado e destruído sua cidade, Boa Ventura. E , com certo brilho no olhar, como fora salvo por Lobo quando estava sozinho na floresta e encurralado na igreja.
Ouviram um barulho. Uma respiração profunda e assustada. Dexter se virou. Zaquerdon estava sentado na colcha onde antes dormia. Arfava eolhava em volta assustado.
- CORRAM! TEMOS QUE CHEGAR AOS CAVALOS! ELES ESTÃO VINDO! ELES... - O jovem soldado louro gritava para a noite.
Dexter correu para ele e o segurou pelos ombros.
- Estamos bem! calma! esta tudo bem! -
Zaquerdon o olhou atônito por um instante, então Dexter o abraçou.
- Você quase nos matou seu merda! você realmente quase nos matou... -
Phil e Jones se adiantaram e cumprimentaram o companheiro. O garoto não se aproximou muito, ainda lembrava de Zaquerdon falando com aquela voz assustadora, a voz que matara seus pais e levara seus irmãos do orfanato. Era um momento feliz, todos riam e comemoravam.Uma breve fagulha de luz na trágica história desses sobreviventes.
- Ok pessoal, é hora de partir. Preparem tochas e carreguem os cavalos, mantenham as armas sempre ao alcance. Aquelas coisas ainda estão por aí. - Disse Phil, após terem explicado a situação à Zaquerdon.
É, aquelas coisas ainda estão por aí. Disse aquela voz soturna na cabeça do garoto, que a tempos não se manifestava. E você sabe que ele não vai mais voltar pra te proteger.