Sunday, May 03, 2009

O texto do meio da noite.

O pensamento noturno trás formas mais subjetivas. Contornos criativos do subconsciente de qualquer um. Talvez seja a escuridão sofrida, o temor daquilo que se esconde sob o manto negro. Talvez seja a calmaria, a qual, depois de horas de trabalho e correria nos deparamos. O silêncio abrupto de quem vive no meio de ruídos, diálogos, gritos, sirenes, bipes e clicks. Não importa os motivos, sequer os mais céticos e científicos, o que releva apenas é o sentido apurado que a noite nos trás. Para uns pode ser apenas o acordar de pequenas silhuetas pessoais adormecidas. Para outros pode ser o momento de uma existência diferente, da tomada de consciência de uma personalidade diferente. Que nos faz espreitar sobre os muros e nos esgueirarmos pelas sombras da moral. Será que aquele pequeno sentimento de que algo está diferente não é apenas uma pequena fagulha, de uma chama que precisa ser alimentada? Será que devemos deixá-la crescer, e tomar vida? Ou como sempre devemos adormecer cedo e cercar nossos instintos mais primitivos com nosso pesado sono vazio? De certo não veremos na insônia o afloramento daquilo que chamariam de “sentido espiritual”, ou “avivamento subliminar”, afinal tal estado seria um degrau e não um confrontamento. Apenas a exploração livre e fluida poderia estabelecer um vínculo com o “sentido vampiro”, aquele que dorme de dia e acorda de noite ávido por alimento. Um jugular talvez, um poema para os mais sentimentais, uma vítima para os defeituosos ou um texto em um blog para os mais superficiais.