Friday, November 27, 2009

Papai Nohell

Pedro esperava escondido atrás do sofá da sala. Era mais de meia noite, a hora certa para o Papai Noel aparecer. Desecendo pela chaminé com seu enorme saco de presentes vermelho. A noite estava fria e por isso Pedro segurava um cobertor sobre as costas, tentando se manter aquecido mesmo longe de sua cama. Seus pais não desconfiavam de sua empreitada, Pedro preferira não falar nada para eles, sabia que o pai Jorge diria que Papai Noel não existe, e ainda completaria com um veemente: "Você já está grande demais para acreditar nessas bobagens!". Mas Pedro, mesmo já tendo completado 8 anos sabia, com a certeza de quem vê, que o Papi Noel existia, desceria naquela noite de natal por sua chaminé e marcaria para sempre sua vida.
Pedro escrevera uma pequena carta três meses atrás onde pedia um carrinho vermelho e um videogame. Sabia que se mandasse pelo correio jamais chegaria, pois ninguem, ninguem mesmo, sabia onde o Papai Noel morava. Se soubessem iriam querer pegar os presentes da crianças, e por isso o Velho Noel se escondia nas montanhas frias do Além das Nuvens. Por isso Pedro pegou sua carta, enrolou como uma panqueca e prendeu com um fio no pé de um pequeno pássaro que seu pai havia lhe dado, o periquito alçou vôo com velocidade e se perdeu no céu, Pedro ficou admirado com a eficiência do passarinho, pois ele rumara exatamente na direção onde o garoto achava que ficava a casa do Noel.
Agora era só esperar ele trazer o que Pedro pedira. E o garoto fizera sua parte, se comportara como nenhuma outra criança em todos os 'mil outros continentes', como pensava. Não deixara de estudar, respeitou seus pais, amou os animaisinhos e plantou três sementes que virariam três grandes árvores. Fora uma criança única, pois não queria perder a oportunidade de ver o velhinho mais legal do mundo.
Quando um barulho de roçar soou vindo do buraco da chaminé Pedro sentiu os finos pelos de seu braço magro se eriçarem. Ele se apertou atrás do sofá e deixou apenas sua cabeça de fora, espreitando um diminuto campo de visão, que compreendia a brilhante árvore de natal, o buraco da chaminé e a mesa de jantar. O barulho ficou mais alto e depois de alguns segundos um pé apareceu no buraco da chaminé, usando uma bota preta e uma calça vermelha. Com certa dificuldade o resto do corpo foi aparecendo, até que o Papai Noel finalmente conseguisse sair por completo da chaminé. Ele estava quase não estava sujo, o que era uma proeza, haja visto que a poeira era grande no vão. Pedro notou que ele não era exatamente como imaginara, sua barba era desgrenhada e suas feições eram pouco angelicais. Era gordo como diziam, mas tinha braços fortes e luvas de veludo branco. Papai Noel se dirigiu até a arvore de natal e antes mesmo que fizesse qualquer qualquer outra coisa, Pedro saiu de trás do sofá e falou, mas não o suficiente para acordar os pais: "Eu sabia. Eu sabia. Você existe e veio deixar meu presente." O Velho Noel se assutou com a presença da criança, deveria estar velho demais, pois nunca antes fora surpreendido por alguem no meio das visitas. Um sorriso se fez por trás da barba amarelada, havia algo de impuro no feição do Noel, mas a criança jamais perceberia. Ele caminhou em direção ao pequeno garoto de cabelos castanhos, pôs a mão direita sobre sua cabeça, se ajoelhou e disse: "Olá garotinho, você quer seu presente? Eu tenho ele aqui. Você é um garotinho muito bonitinho sabia.". "Eu quero meu presente, você recebeu minha carta, enviei pelo meu passarinho." disse Pedro, que já jogara o cobertor longe e saltava de alegria. "Por que você não senta no meu colo e me diz o que você queria?". Pedro pela primeira vez se sentiu desconfortável, gostava muito do Papai Noel, mas agora que vira ele na sua frente tinha um certo medo por trás da incontrolável vontade de ganhar o seu videogame. "Eu me comportei do jeito que o senhor queria. Mereço meu videogame não é?", Papai Noel ficou calado, olhando para o garoto com um olhar que fez Pedro ter vontade de voltar para sua cama. "Primeiro eu quero que você sente no meu colo", gruniu o Papai Noel. Pedro deu dois passos para trás, o sorriso saira de seu rosto, e uma expressão de confusão e medo entrara no lugar. "Eu acho que já vou dormir", susurrou Pedro, mas antes que pudesse se virar e correr o Papai Noel pulou em sua direção, pegando-o pela cintura, tirando-o do ar e apertando o forte contra o peito. Pedro sentiu o bafo forte do Noel em seu rosto e antes que gritasse sentiu a mão do velho tampar sua boca. Começou a chorar ao ver os dentes tortos e amarelados do do velho, que sorria debilmente. "Você é muito lindinho, vou levar você pra mim sabia? Na minha casa tem muitas outras crianças como você. Elas adoram brincar comigo, e você também vai gostar. " A mão direita do velho desceu pelas costas de Pedro, que se debatia, até tocar suas nadegas. "Vou brincar muito com você, vou tocar você e você vai me tocar, e eu vou te dar o presentinho que você queria.". A gargalhada do velho era gultural e perversa e soou por toda a sala e só parou quando ele sentiu algo quente tocando sua barriga, viu que Pedro havia mijado nas calças. Jogou o garoto com força para o lado e começou a se limpar. Pedro caiu no chão com violência e sentiu um corte abrir em sua testa. "Você é imundo, mas eu ensino você a ter boas maneiras.". O velho pegou Pedro pelo pescoço e jogou em suas costas, pegou o saco vermelho com a mão livre e caminhou em direção ao buraco da chaminé. Antes de entrar na chaminé olhou mais uma vez para a sala para ver se havia esquecido algo, mas o que viu fez os cabelos de sua nuca se levantarem, no pé da escada que dava pro primeiro andar estava apenas de calção, era magro e forte e tinha uma barba expessa, porém castanha. O homem tinha um taco de beisebol na mão direita e sustentava um olhar tão cruel e violento que fez o Velho Noel fraquejar pela primeira vez em sua vida.
Não houveram palavras, apenas urros de esforço e dor quando os dois correram um na direção do outro e se chocaram com impacto. Papai Noel tirou de seu saco vermelho uma machadeta, mas a desatenção lhe custou uma pancada forte na cabeça, que quebrou o taco de beisebol e rompeu seu supercilho. O humano que estava na sua frente jamais conseguiria lutar de igual à igual com um ser mítico como ele. Tentou cortá-lo com sua machadeta, mas estava lento demais, velho demais. Levou dois socos no estômago, que mal sentiu. Quando o homem abriu um espaço Noel o socou com toda a força. O homem voou pela sala e se chocou contra a parede oposta da chaminé. Seu corpo caiu sobre o sofá ele cuspiu sangue sobre o carpete branco. O homem ficou imóvel, Noel pegou sua machadeta e mirou, para lançá-la na cabeça do pai humano. Antes que jogasse, sentiu uma dor fraca na coxa, era Pedro que mordia com toda sua força a perna do velho. Só foi preciso um tapa para que Pedro largasse a perna do Noel e caísse demasiado no chão, o sangue manchando todo o seu rosto. Pedro não conseguiu ferir Noel, mas o distraiu, o suficiente para seu pai pular em cima da barriga do velho, puxar sua cabeleira branca trás das costas e socar três vezes com toda sua força a face maligna do velho. O sangue espirrava da cara de Noel quando deferiu um golpe com a machadeta que cravou no braço direito do homem, que urrava de ódio. O golpe foi profundo, mas o homem estava cego para a dor, apenas tirou a machadeta cravada em seu braço que golpeiou aleatoriamente, cortando vento, carte, cabelo e pele. Papai Noel jamais havia sido tão humilhado, estava sendo enfrentado por um mero humano, que ousava permanecer em pé. Decidiu então terminar com a brincadeira, o homem avançou mais uma vez, com a arma na mão. Papai Noel jogou a árvore de natal sobre ele, e então o acertou com um soco no peito, o homem caiu desmaiado no chão. A sala estava destruída e ensanguentada parecia cenário de um crime brutal. E o era.
O velho Noel, pegou a criança caída pelos cabelos e ajogou sobre o ombro, pegou seu saco e sua machadeta e caminhou em direção a chaminé, subiu-a com dificuldade, mas conseguiu chegar no telhado da casa. Lá suas renas o esperavam, subiu no trenó e deu partida, em direção às Montanhas do Inferno.
Horas depois o pai da criança acordou. Chorou desesperadamente e gritou por horas sem parar. Papai Noel levara seu filho, ele havia falhado. Ele perdera o próprio filho.

Anos mais tarde, depois de 135 anos sem receber uma visita sequer, Papai Noel ouviu o barulho de alguem batendo na porta. Mais um viajante perdido nas monatnhas geladas, mas Papai Noel lhe daria abrigo, um quarto quente ou comida. Apenas lhe mandaria correr e quando estivesse longe o suficiente atiraria com sua espingarda, um tiro certeiro nas costas. Papai Noel, porém, estava enganado. Para sua infelicidade o visitante não estava perdido, não queria abrigo, nem quarto quente, e a única comida que lhe saciaria eram as entranhas do velho Noel. Devo dizer que a luta foi grandiosa. Papai Noel lutou bravamente, mas não conseguiu tirar sangue do homem que lhe socava com violencia. Tudo dentro da casa do velho foi revirado e jogado aos lados enquanto dois homens se degladiavam pela vida e pela morte. Como da última vez que Noel vira o homem, não houveram palavras, apenas urros insasiaveis de prazer e terror. Quando a luta parou Noel estava sem um braço, com um olho arrancado e com rasgos profundos no peito. Estava curioso para saber que era o homem que o mataria, então decidiu perguntar: "Quem....", antes que terminasse a frase pulou para cima dele e acertou com bastão de ferro sua mandíbula, arrancondo-a fora da face. Papai Noel caiu morto e o homem urinou em sua cara deformada. Não haviam mais crianças no local, como imaginara, todas já haviam sido devoradas pelo velho. O homem levou o corpo de noel para fora e ateou fogo na casa, as chamas que levantaram-se tinham mais de 15 metros, haviam muitos pecados para serem queimados.
Uma corda predeu o pé de Noel ao trenó. E depois de alçado vôo o corpo empapado de sangue do bom velhinho foi visto em mais de 70 países. O pai dirigiu o trenó até a maior árvore de natal do mundo, localizada em New York. Lá de cima soltou o corpo de Noel sobre os galhos fictícios, que caiu quebrando milhares de lâmpadas coloridas, e ateou fogo na árvore, que queimou e explodiu como se fosse uma festa, mas para o pai, aquilo era o inferno.

A partir daquele dia ninguem jamais acreditaria em Papai Noel. E todos os festejos ao redor do bom velhinho foram proibidos por todo o mundo. Pois sinalizavam mau agouro e morte.





Esse é o meu jeito de dizer feliz natal kojiros. Desculpa se o texto ficou meio corrido da metade pro final. Mas é de coração, mesmo assim.