
Slin fast crazy yours.
Keepan?
No sense at all.
“É uma vaidade característica de nossa espécie atribuir uma face humana à violência cósmica aleatória.”
O que representamos para as vidas alheias que transpassaram pela nossa? Pense um pouco e tente dizer quem foi a pessoa que você mais influenciou, e de quem recebeu mais influência. Não falo de nossos pais, eles são a mais a fiel representação de nosso caráter, mas eles exerceram uma influência quando éramos apenas um quadro em branco, não tivemos opções nem escolhas, apenas nos deixamos pintar pelos pincéis multicoloridos de nossos amados progenitores, não apenas por eles, mas também de todas as informações e conhecimentos que chegavam a nós, então bebês e crianças. É mais interessante analisar as influências sofridas quando sentiamos – erroneamente – que tínhamos já um certo domínio sobre a pintura em que nos transformamos - abstrata ou não, feia ou bonita, não importa. O que de fato lhe influenciou, o que ou quem de fato você influenciou, quão profundas são as marcas deixadas em nós e quão superficial são os toques de nossa existência na vida dos outros? Não adianta se enganar, não adianta achar que somos criaturas abastadas de qualquer comparação, que somos indivíduos inclassificáveis e adornados com centenas de características únicas, pois não somos. Mas claro, a união de diversas experiências, que não podem ser repetidas por questões lógicas e científicas, por mais ninguém no mundo nos transforma em universos singulares, onde a concepção cabal denota para um resultado inédito, porém a vista específica nos mostra que somos feitos de planetas existentes em muitos outros universos paralelos, ou seja, somos diferentes entre nós, mas feitos da mesma coisa. As influências que sofremos são disparadas de todos os lados, e está tão presente quanto o ar está, só esperando que você estenda a mão e a pegue, por exemplo: como será atravessar a nado o Rio Branco na extensão do Banho da Polar à noite? Que sensações você sentirá ao ultrapassar o limiar do medo e do inusitado? O que você aprenderá e como você se comportará depois disso? Parece bobo pra você? Mas não é. Pegue na sua memória pequenos acontecimentos e veja como eles repercutiram formando sua personalidade. Lembro-me que quando era criança minha mãe me falou quando a questionei se acreditava no inferno: “Meu filho, o inferno é aqui”. Tal comentário, por mais desleixado que tenha sido proferido ecoou na minha mente. Não, eu não virei ateu por esse vago comentário. Claro que não. Mas aquela frase, aquele pequeno fragmento de pensamento, ficou guardado, esperando diversas outras experiências se unirem a essa e por fim formarem uma opinião concreta e firme. E assim são nossos atos para com a vida de todos ao nosso redor. Seja em gestos que se repetem em outras pessoas, seja em frases que não dizem nada ou que dizem muito. A compreensão de que as influências são não apenas ocasionais, corriqueiras e mundanas, mas que elas podem delimitar caráter e transformar toda uma vida nos denota para um poder muito forte e relevante. Sendo assim, pense um pouco, quem influenciou você? Quem você influência? E mais importante: Como? Como você influência e se deixa influenciar? Que hábitos grotescos você adquiriu com seus amigos? De quem você adquiriu esse contorno ranzinza? Com quem você aprendeu a falar assim? Quem te fez ser tão educado, ou quem te fez ser tão complacente? Pq você se veste assim? E a música que você ouve, quem te indicou? Pq você lê esses livros?
Para a maioria das perguntas acima a resposta virá com o nome de alguém que se prestou de forma indireta ou direta a te influenciar. E você aceitou, para o seu bem ou para o seu mal. Estamos interligados de uma forma parecida com um oceano, sendo os indivíduos cada molécula de água desse mar, se você deixa cair um objeto na água ele formará ondas mudando tudo que lá estava, alguns de nós possuem grande bolas de basquete, outros apenas pequenas bolas de gude, mas todos temos o poder de criar ondas e nunca saberemos até onde elas poderão chegar.
Você é o mundo, e o mundo é você.
“Estão os que usam a mesma roupa. Estão os que carregam amuletos.
Os que fazem promessas. Os que imploram olhando o céu.
Os que acreditam em superstições.
Estão os que continuam correndo quando as pernas tremem.
Os que continuam jogando quando o ar se acaba.
Os que continuam lutando quando tudo parece perdido,
como se cada vez fosse a última vez,
convencidos de que a vida em si é um desafio.
Sofrem, mas não se queixam, porque sabem
que a dor passa, o suor seca.
O cansaço termina.
Mas há algo que nunca vai desaparecer: a satisfação de ter conseguido.
Em seus corpos há a mesma quantidade de músculos, em suas veias corre a mesma quantidade de sangue;
o que os torna diferentes é seu espírito
A determinação de alcançar o topo.
Um topo ao que não se chega superando os outros...
Mas a si mesmo."
Essa foi uma campanha publicitária da Nike que na época em que morei na FVO de Manaus, me ajudou um bocado no âmbito motivacional, volta e meia eu o lia antes de sair do meu quarto, antes de ir treinar, enfim... Foi importante pra mim e fuçando pela net, achei num blog e quis compartilhar com vocês.
Abraço!
Setembro/Kojiro/Manaus
A viajem para Manaus merecia um post. Por diversos motivos, e por isso eu fiz este relato do que aconteceu lá, para que todos fiquem a par dos acontecimentos. Acho que todos sabem que o Luiz e o Ruan foram de carro com o padrasto do Krios, eu fui na madrugada seguinte, na quinta. A minha primeira impressão de Manaus foi igual a última: que lugar bizarro. Talvez eu não tenha conhecido a parte bonita de Manaus, mas todas as voltas que eu dei só vi ruas estreitas, trânsito péssimo, e uma cidade feia que de nada tem a ver com a imagem que eu tinha de uma bela cidade no meio da mata. Vale ressaltar, falando em mata, um negócio que achei curioso. Quando eu já estava perto de chegar em Manaus olhei pela janela do ônibus achando que ia ver um belo lavrado e TCHÃ, mermão que mata densa da porra. Não imaginava, ou não tinha parado pra imaginar, que o lavrado é uma característica bem roraimense, e não nortista. No mesmo dia que cheguei fomos pro shopping, primeiro o Amazonas e depois o Milleniun. Outra decepção, afinal achei que os shoppings fossem maiores, do tamanho dos de Fortaleza. Mas eram bacanas, mesmo sendo pequenos. No shopping Milleniun assistimos o filme Wanted, com Angelina Jolie, e olha se eu não tomar cuidado esse post vira um relato só sobre esse filme, de tão bom que ele é. Uma verdadeira surpresa pra todos nós que ficamos boquiabertos ao ver cenas sensacionais e um roteiro assaz divertido. Foi no meio do filme que conhecemos um dos irmãos do Luiz, o Paulo. Um nerd. Acho que isso define bem ele. Mas um nerd muito simpático. Mais tarde o grande momento: Scorpions. O show foi monstro. Muito bom mesmo. Ta que os safados só tocaram 3 músicas do cd Humanity, mas tanto as músicas acústicas quanto as elétricas foram tocadas com perfeição. De longe o melhor show que fui. E olha que eu já fui no show da Garden. Lá aconteceram até alguns fatos engraçados, como uma mulher gritando do nosso lado: “Escorpião, cês são do caralho, seus filho da puta. Não são essas banda de bosta daqui não. Se quiserem buceta aqui tem.”; ou então uma mulher regional que antes do show começar chegou no meio da gente e perguntou pra mim: “Ei onde é que desliga?”, mermão a gente riu demais, na cara dela mesmo, a gente conseguiu aperriar alguém num lugar abarrotado de gente cara. Fantástico. No outro dia fizemos uma série de coisas, primeiro fomos no Studio 5. Ah, foi lá dia que conhecemos outro irmão do Luiz, o mais velho, um cara bem diferente e bem sério. Lá também conhecemos a irmã dele, uma garota simpática e igual a família do gustavo: totalmente diferente dele. (parênteses para fato curioso e engraçado. Eu e o Luiz estávamos comprando um cd pra irmã dele, ai ela chegou e ficou na fila junto com ele. Enquanto isso eu, inocentemente fiquei andando pela loja, até que achei um cd do Solteirões do Forró, achei tão feio que levei pra ele olhar, depois deixei o cd e levei outro, do Calypso, pra mostrar como eles melhoraram, afinal os novos cds tem um layout bem mais moderno e interessante. Ai nesse momento, quando estava indo devolver o cd do Calypso a irmã do Luiz virou pra ele e perguntou “Ele é gay? Pq ele é todo estiloso e fica analisando as capas dos cds. Pq eu já conheci muito cara assim e olha...” Hauahuahauhau. Engraçado né? Mas o mais engraçado foi a resposta do Luiz: “Não pó, é que ele anda muito com um amigo nosso que é gay, ai ele ficou assim.” ??????????? Meo deos. Eu e o ruan já rimos tanto disso. Ai depois que ele pagou o cd ele ainda chegou em mim e falou pra irmã dele ouvir: “tu ta todo alternativo hoje hein?!”. Eu não entendi nada. Huhuahuauhahu). Depois, para resgatar my balls, fomos para o Porão do Alemão. Cara, o Porão é do caralho, um bar muito interessante, com muita gente bonita e com bandas tocando só o rock n’ roll do satanás. Lá eu entendi pq as pessoas bebem, não que eu vá beber, mas eu entendi. Nunca havia bebido tanto, mas constatei que pra eu ficar bêbado é preciso mais chopp do que imaginava. Claro que meus amigos não são tão un-drunkeds assim, um deles ficou falando besteira e rindo o tempo todo e o outro foi achado no banheiro e saiu vomitanto e carregado de lá. No outro dia os programas foram todos atrasados devido a falta de força dos colegas bebuns. Pararam até na farmácia pra comprar remédio. Mas mesmo assim conseguimos ir pro centro da cidade onde cobinamos de colocar um alargador. No meio do caminho vejo o Luiz se levantando e descendo do ônibus, viro pro Ruan e perguntou o que foi e ele diz que ele tava indo ver a família dele. Eu e o Ruan continuamos nossa buscas e fomos até o centro, demos uma volta lá, e centro de cidade é igual em todo lugar, São Paulo, Fortaleza, Manaus... Até que achamos a Falcon Piercings. Brother, eu e o Krios saímos de lá com um alargador de
This is the game of life, brothers!
Uma de minhas professoras pediu para em 10 minutos falar alguma coisa sobre a frase abaixo. E foi isso que falei:
“A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância” Dalai Lama
A frase acima, dita por Dalai Lama, num primeiro momento me faz referência à relação interpessoal. A necessidade humana de se correlacionar com indivíduos da mesma espécie na busca do pleno conhecimento. Conhecimento este, que de acordo com a frase é impossível de ser cabal quando não há troca de informações e experiências. No meu entendimento tal pensamento parte do pressuposto de que o homem não possui poder analítico sobre a totalidade, sendo assim, necessita de uma análise externa, talvez até mesmo sobre sua própria imagem, para chegar a um denominador comum. Logicamente, quando proferida por Dalai Lama, a frase tinha um sentido mais contemporâneo, embasado, possivelmente, em uma situação característica em que se encontrava ou que analisava. Sendo assim, provavelmente, sua intenção era gerar uma reflexão sobre o comportamento humano e a forma como ele busca o conhecimento muitas vezes enraigado no egoísmo e no egocentrismo.
RAPOSA/SERRA DO SOL: O CONFLITO E A MÍDIA
O Brasil é um país de muitas culturas. Uma mistura de credos, raças, povos, em um só lugar, o que impossibilita a classificação do típico brasileiro, pois o mesmo é formado por uma miscigenação que tange não apenas raça, mas muitos outros aspectos. Nesse vasto país se encontra todo tipo de gente, brancos, negros, estrangeiros, imigrantes, etc. Todos espalhados pelas 27 Unidades Federativos do Brasil.
Mas antes de todas essa mistura acontecer, a mais de 500 anos atrás o Brasil era feito por povos bem distintos, os índios. Eles ainda habitam o país, mas são em número reduzido e afastados dos grandes centros. Após pouco mais de 500 anos de colonização, os povos indígenas foram de 1000 para 227 povos, depois de intensos anos de colonização e escravatura. Desde
Para que os direitos dos primeiros povos do Brasil possam ser garantidos a Constituição Brasileira definiu que os povos indígenas, teriam suas áreas delimitadas. Terras essas que seriam concedidas aos índios para seu usufruto, mas que não seria de propriedade dos mesmos, mas sim da União. Tal medida seguia em aprovação ao ideal de que ceder a propriedade total sobre as terras para os índios seria uma afronta a soberania nacional, como afirmou o Comandante Militar na Amazônia, General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, em março de 2008 :
“As terras indígenas nas faixas de fronteira, se não forem convenientemente tratadas, poderão representar um risco para a soberania nacional. Estamos cada vez mais aumentando a extensão de terras indígenas na faixa de fronteira e cada vez mais estamos caminhando numa direção que para mim, como Comandante Militar na Amazônia, me preocupa. Pode não ser uma ameaça iminente, mas merece, pelas circunstancias, ser discutida.”
Para tanto foram então criadas as Reservas Indígenas, por todo o Brasil. Mais de 90% dessas terras estão na Amazônia Legal, divididas entre os Estados do Norte do país.
Um desses Estados que possui Reservas Indígenas é Roraima, com 46% de suas terras sendo de usufruto legal dos indígenas. Roraima, que é o estado mais setentrional do país, é também um dos mais novos do Brasil, com pouco mais de 20 anos, já que antes da Constituição de 1988 ele ainda era um Território Nacional. Roraima faz fronteira com outros 2 Estados, Pará e Amazonas e com mais dois países, Venezuela e Guiana.
O Estado é repleto de referências aos seus primeiros povos, os índios, tanto em sua culinária, costumes e até crenças. Não é por menos, afinal o primeiro contato de não-índios com a região foi em busca justamente de índios para escravização. Mas mesmo a cultura roraimense sendo tão arraigada a miscigenação com os povos indígenas, isso não garantiu uma situação pacífica.
Outro grande impacto na região aconteceu com a descoberta de ouro e diamante na região que levou uma grande massa migratória para as matas amazônicas do Estado, nessa época foram contados diversos conflitos entre garimpeiros e índios, alguns povos que sequer haviam vistos os chamados homens brancos. Essa leva migratória impulsionada pelos metais da região deixou um rastro de chacinas e doenças nos povos indígenas no tempo que durou a extração do ouro e diamante.
Aos poucos com o desmanchar dos garimpos na região os conflitos foram ficando escassos e a mineração deu lugar a agropecuária e agricultura, que é onde até hoje se baseia a economia do Estado de Roraima.
Mas a partir de 6 de janeiro de 2008 uma nova situação envolvendo índios e não-índios voltou a gerar conflitos. O embate gira em torno da Reserva Indígena Raposa/Serra do Sol, à noroeste de Roraima, acerca da vila Surumum. A reserva foi antes de tudo identificada como terra indígena em 1993 pela FUNAI, posteriormente a área é demarcada pelo então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, mas essa demarcação não foi bem vista por boa parte da população de Roraima, assim como pelo Governador do Estado na época, foram feitas 46 contestações administrativas contra a demarcação, todas rejeitados.
Mais tarde, em 2005 as terras demarcadas são finalmente homologadas, pelo Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. Novas contestações são feitas contra a decisão e até um mandato de segurança é emitido pelo Governo de Roraima, que é negado pelo Superior Tribunal de Justiça.
Em junho de 2007, o STJ determinou que fossem retirados das terras homologadas os não-índios, foi neste momento que os embates começaram a acontecer, culminando em janeiro de 2008 quando conflitos foram travados entre índios e rizicultores cujas plantações estão na área homologada.
A plantação de arroz no Estado acontece desde 1970 e hoje representam um dos setores mais importantes para a economia de Roraima, ao lado da plantação de soja, da pecuária e do extrativismo. Por isso o embate tomou proporções a nível nacional, com participação efetiva dos políticos de Roraima, em geral a favor de uma reavaliação da presente homologação, assim como os rizicultores e parte da população roraimense, do outro lado da discussão estão os próprios índios, defendidos pelas ongs, pela igreja católica, e por parte dos políticos a nível nacional.
Em março de 2008 com a indecisão da situação, foi enviado à Roraima, a operação Upatakon III, feita pela Polícia Federal, com policiais de todo o Brasil para acelerar o processo de desocupação das terras. Tal operação desencadeou ainda mais conflitos, o que gerou prisões, destruição de estradas e até pontes queimadas nas vias de acesso a Reserva Indígena. Para auxiliar a Polícia Federal, que mesmo com grande contingente de agentes não estava conseguindo concluir a missão da operação, fora então enviados soldados da Força de Segurança Nacional. A operação só foi suspensa quando o Superior Tribunal de Justiça decidiu acatar a representação formulada pelo Governo do Estado de Roraima, que evitava o conflito entre militares e os ditos invasores até o julgamento dos processos relacionados a homologação.
Todo esse cenário de disputa que acontece em Roraima, é reforçado por intenso clamor, não apenas político e militar, mas também da própria população roraimense, assim como da população brasileira. Mas para que a massa pudesse tomar conhecimento do que acontecia, não apenas a notícia imediatista do conflito, mas todo o histórico de discussão das áreas indígenas, foi essencial a participação da mídia na cobertura da situação. Mas a atividade jornalística acerca do que acontecia na região no geral não foi, nem é, tratada de forma imparcial e comedida.
A luta pelos interesses afetou também a própria mídia, principalmente a local, que despende muitas vezes críticas ferrenhas a favor de seu posicionamento ante a situação.
Se temos políticos e produtores contra índios e ONGs, em outro âmbito temos veículos de comunicação, contra veículos de comunicação, forçando seu ponto de vista e influenciando a massa recebedora dessas informações.
Na cobertura dos acontecimentos foi visto a participação de todos os veículos de comunicação, não apenas a televisão e os jornais impressos, como também revistas, rádios, e jornais webs, até mesmo em mídia digitais, e alternativas, os blogs, foram vistos notícias sobre o impasse.
Mas, vale ressaltar, tal situação não se restringiu a cobertura local, onde se encontram os mais interessados. A proporção se engrandeceu após pendência tomar notas e posicionamentos mais incisivos, a nível militar e da política nacional.
Quando a situação transcorria para um iminente clímax a imprensa tratou de se antecipar, gerando matérias sobre o local e transcrevendo a história da região. Quando a disputa chegou em seu estado mais violento a mídia já estava fazendo circular os acontecimentos.
Roraima é um Estado pouco noticiado na mídia nacional, mas para esse caso foram até enviados repórteres para a região na busca de uma informação com mais credibilidade. Foram feitas diversas matérias que circularam em todos os veículos.
Mas o que chama atenção nesse caso é o posicionamento da mídia, que não é imparcial e nem sequer unânime.
Para exemplificar isso tomemos dois veículos distintos, cada um em um meio de comunicação e cada um com um posicionamento diferente ante o conflito.
Um deles é o jornal impresso Folha de Boa Vista, um jornal local com tiragem superior a 7 mil exemplares diários e que possui alta credibilidade no Estado de Roraima. O jornal possui 25 anos de existência, fundado em 21 de outubro de 1983. É também o jornal impresso mais lido em Roraima e tem o portal virtual de notícias locais mais acessado da capital Boa Vista.
O posicionamento do jornal Folha de Boa Vista pode ser muitas vezes tido como imparcial, mas através de sutilizas deixa claro que é contra a demarcação em área contínua da Reserva Indígena Raposa/Serra do Sol. Algumas vezes é possível ver uma opinião contrária, dos colunistas, mas a linha editorial do jornal é claramente a favor dos rizicultores.
Em muitas reportagens da Folha de Boa Vista o enfoque são as ações do Governo do Estado, visando a permanência dos rizicultores, os destaques contrários que entram em questão são pouco noticiados, um exemplo desta cobertura a favor dos rizicultores se vê na matéria do dia 14 de maio de 2008:
“(...)No documento, Anchieta Júnior diz que “o conflito pela posse de terras na reserva Raposa Serra do Sol é de interesse nacional, questiona a política indigenista, ameaça a soberania e ressalta a vulnerabilidade da fronteira de dois mil quilômetros com a Guiana e a Venezuela, região rica em minérios estratégicos e de exuberante biodiversidade, com importantes nascentes de rios, mas pouco povoada e exposta a ações nocivas, inclusive de narcotraficantes e aventureiros”.
Citando a Constituição de 1988 que transformou Roraima em Estado, ele diz que o Governo Federal não repassou as terras de direito, como o fez recentemente no Amapá. “Hoje, restam ao Estado apenas 7,34% delas - 1 milhão 644 mil hectares. Vivemos um processo de desestadualização”.
Também fez um comparativo entre a quantidade de terras destinada à população índia e não-índia. “Em Roraima, 35 reservas indígenas detêm 46,68% das terras, 10 milhões e 470 mil hectares, onde vivem 39 mil pessoas. E a população não-índia – 355 mil habitantes, ou seja, 90,10% da população – ocupa o restante. As áreas indígenas se sobrepõem ao mapa das riquezas minerais, sobretudo no Norte do Estado”.(...)”
Outras vezes conclama contra as Ongs na região, que são defensoras da Reserva em área contínua, como na matéria de 13 de maio de 2008:
“(...)O Exército Brasileiro está monitorando a ação dos estrangeiros nas fronteiras roraimenses. A Operação Refron (Reconhecimento de Fronteira) está abordando todas as pessoas que não são brasileiras e não tem data para encerrar. Os ilegais são encaminhados para a Polícia Federal para investigação e averiguação dos documentos.
Não é a primeira vez que esta operação é realizada pelo Exército, segundo informou o comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, general Elieser Girão Monteiro. Explicou que as pessoas encontradas na região são abordadas e no caso de estrangeiros irregulares, eles são encaminhados à Polícia Federal, para verificação e investigação. Quanto aos regulares, nenhuma medida é tomada.(...)”
Ainda no jornal Folha de Boa Vista é possível ver até mesmo o uso de matérias de outros jornais a fim de respaldar o posicionamento do jornal, como em matéria do dia 16 de maio de 2008:
“Em matéria especial sobre a reserva Raposa Serra do Sol, exibida no Jornal da Globo, as nulidades e fraudes do laudo antropológico que serviu de base para a demarcação de terras em Roraima foi revelado.
Segundo a matéria do jornal, a Funai criou um grupo técnico para fazer o levantamento e no laudo consta o nome de Maíldes Fabrício Lemos, que aparece na equipe como técnico agrícola, que na verdade era apenas um motorista da equipe.
Outra falha mostrada pela Globo seria que o economista responsável pelo levantamento teria sido o então professor da USP, José Juliano Carvalho, que em carta ao Jornal da Globo, declarou que não participou do grupo de trabalho e nunca foi a Roraima.(...)”
A linha editorial do jornal, junto ao seu pensamento, é muito influente no Estado, junto a sociedade, e suas colocações contra a demarcação em áreas contínuas efervesce os ânimos no Estado. A sua postura dominante ante a informação e mídia local a contemplam com o poder de incitar o pensamento de quem a lê, a influência propriamente dita de boa parte de seus leitores.
Do outro lado da questão esta o site Notícias da Hora, www.noticiasdahora.org, cuja linha editorial é similar a do jornal impresso Monte Roraima, da Igreja Católica. A postura do site é a favor dos índios e da demarcação das terras em área contínua, conseqüentemente, com a expulsão dos rizicultores e dos não índios da região.
O site não é tão acessado quando o site da Folha Web, representante on-line do Jornal Folha de Boa Vista, mas possui seu público específico e possui poder de influência entre ele. Suas opiniões são muitas vezes mais contundentes que as expressas na folha de Boa Vista, mas utilizam a mesma linha de matérias, o destaque para os fatos que confirmam suas posições e pequenas e poucas notas referentes a ações contra. Um exemplo disso foi a matéria do dia 15 de maio de 2008, que sequer foi publicada no jornal Folha de Boa Vista.
“Os 36 mil hectares de plantação de arroz na Terra Indígena Raposa Serra do Sol não têm autorização de órgão federal para o cultivo da cultura. A afirmação é da superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis), Nilva Baraúna.
Segundo ela, os sete plantadores de arroz que investem na região têm autorizações de cunho estadual e não federal. Para se explorar terras consideradas de responsabilidade da união, é necessário passar pelo licenciamento do Ibama. No caso dos rizicultores, as licenças foram emitas pela Femact (Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia).(...)”
Em algumas outras matérias ela enaltece posicionamentos políticos a nível nacional, na tentativa de desmerecer a postura dos políticos do Estado de Roraima, como na matéria publicada no site no dia 17 de maio de 2008:
“O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos classificou a homologação da Raposa/Serra do Sol (nordeste de Roraima) como a "obra mais importante" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou os arrozeiros e setores das Forças Armadas que se opõem à criação da terra indígena em área contínua.
"Daqui a uma centena de anos, se alguma obra for considerada importante no Brasil, das muitas que o presidente Lula fez, a demarcação e a homologação da Raposa/Serra do Sol talvez seja a mais importante delas", disse o Thomaz Bastos, que participou de cerimônia no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ao lado do ministro Tarso Genro, que o sucedeu no cargo. (...)”
A matéria do dia 20 de maio de 2008, defende as Reservas Indígenas em área contínua:
“O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, afirmou nesta terça-feira (20), que uma eventual decisão do Superior Tribunal Federal (STF) contrária à demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol pode colocar em risco todas as outras homologações no país.
Segundo Meira, que participa desde a manhã da reunião do conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as demarcações de áreas indígenas sempre foram feitas de forma contínua e, para ele, essas áreas "serão as únicas ilhas de florestas preservadas na Amazônia daqui a 50 anos".(...)”
O destaque é sempre em notícias favoráveis aos seus princípios, pouco se vê d que é contrário, como notícia recente do site, do dia 10 de junho de 2008:
“A ex-ministra do Meio Ambiente senadora Marina Silva (PT-AC) defendeu hoje (10) a manutenção da área da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Segundo ela, o Brasil está diante de uma interpelação étnica sobre qual postura adotar em relação aos povos indígenas.
“O nosso futuro deve comportar civilizadamente a possibilidade de que esses povos possam se reproduzir de acordo com suas condições sociais e materiais”.
Marina afirmou ainda, durante discurso na audiência do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que os arrozeiros têm a garantia legal de ser indenizados pelas terras. Por outro lado, não há como recuperar a herança cultural dos povos indígenas.
“Podemos plantar arroz em qualquer terra fértil. Agora uma cultura que acha que o mundo foi criado a partir do Monte Roraima só existe ali”.
Segundo ela, em 500 anos de história, o Brasil dizimou um milhão de índios por século. Hoje, de acordo a parlamentar, restam um pouco mais de 500 mil índios espalhados pelo país. “Nem o povo judeu sofreu genocídio dessa magnitude”, comparou.”
Assim como os veículos de comunicação acima citados, muitos outros noticiaram para todo o Brasil, e muitas vezes para todo o mundo, os ocorridos em Roraima, é difícil dizer se a maioria é a favor ou contra, mas é explícito o poder de influência exercido por eles. Muitas vezes a notícia era passada e depois comentada para que ficasse ainda mais claro o posicionamento que acreditavam ser o correto ou mais justo. Tal confronto invisível entre a própria mídia gera um desconforto que vai de encontro com a pura essência do jornalismo, seja impresso, televisionado, por meio de rádio ou internet: o de informar uma determinada população com ética e responsabilidade. Mas como uma sociedade pode se sentir informada quando a notícia factual que ele recebe é minutos depois repassada sob nova ótica em um diferente canal. A informação perde credibilidade, não necessariamente o veículo de comunicação, mas a notícia
O jornalismo deve ser antes de tudo ético, mas como esse conceito é um ideal intangível e não sujeito a obrigatoriedade de seu uso, fica difícil discernir quando determinada mídia quer comunicar, transportar a informação ou quando quer vendê-la, em seu sentido mais negativo, transformando a sociedade em consumidores e levando a ele muitas vezes uma informação rala e despretensiosa.
O poder exercido pela mídia em se tratando de influência de massas é inegavelmente real e perigoso. Afinal a própria sociedade que consome esses produtos chamados notícias muitas vezes não estão preparados intelectualmente para poder fazer uma análise adequada e chegar a conclusões pertinentes ao seu ponto de vista ou a seu posicionamento político, social e ético. No Brasil e em Roraima a população esta a mercê do que é ‘jogado’ a ela pela mídia nacional e local, há pouca análise e pouco contato real com os fatos ocorridos.
E mais especificamente no caso Raposa/Serra do Sol a influência de uma grande porcentagem da sociedade pode mudar os rumos que se tem para com o desfecho da situação. O clamor público de indígenas e brancos vem fazendo total diferença para que se impeça uma conclusão rápida e indesejada por um dos lados. A cobertura dos acontecimentos pela mídia, dependendo da forma como é exercida, pode gerar notícia, pode gerar discussões, mas também pode gerar manifestações e conflitos violentos.
A discussão a nível político continua ocorrendo no senado e no congresso nacional, e nada ainda foi decidido para nenhum dos lados do conflito, manifestações continuam sendo feitas, barricadas construídas e de tempos em tempos algum ato violento é deflagrado demonstrando a urgência de um posicionamento das autoridades competentes. Enquanto isso o caso Raposa/Serra do Sol, continua sendo matéria para os jornais de todo o país, e cada nova notícia é exercido seu poder de influência perante a sociedade. Tem que se levar em consideração que, independente da ética e postura de cada linha editorial de cada jornal, a cobertura jornalística continua sendo papel importantíssimo na construção da comunicação mais eficaz no Brasil.
Discurso que escrevi para uma cliente, a candidada a vereadora Lucia da Portal. É na verdade um texto base para ela utilizar e adequar toda vez que for discursar.
Boa noite a todos,
Para quem não me conhece eu sou a Lúcia da Portal, sou candidata a vereadora do Município de Boa Vista. Nasci em *** e moro em Roraima há *** anos. Não sei se todos que vieram a esta terra pensam da mesma forma que eu, mas não há lugar melhor para se viver em todo o Brasil. Pela beleza do lugar, pela pureza das pessoas que aqui moram, e pela vida digna que ainda é possível construir. Mas quem ama, cuida. Quem ama, protege. E eu, que sempre fui empresária, esse ano tomei uma importante decisão, decidi parar de reclamar, deixei de aceitar o que os outros estão fazendo com o lugar que eu mais amo. Tenho certeza que vocês têm o mesmo sentimento de revolta. Nós ficamos em casa vendo a cidade ficar cada dia mais perigosa, cada dia mais suja, o trânsito piorando, crianças fora da escola, pais de família sem empregos. E o que a gente tem feito pra mudar isso? Eu cansei de pensar só em mim, pois para cada pessoa que eu ajudava, outras 10 eu não conseguia ajudar, e nem conseguiria sozinha. E isso é igual com todos aqui. Se contentar em ajudar somente aqueles que estão próximos a nós é muito pouco. Alguém tem que se abster do egoísmo, alguém tem que batalhar não apenas pela sua família, mas por todas as famílias. E na minha visão esta pessoa é o político. É a autoridade pública que tem a obrigação de se importar com a dor dos outros, que tem a responsabilidade de prestar a fazer, do possível e impossível, para ajudar, principalmente aqueles que não tem voz.
Eu passei toda minha vida achando que isso seria utopia, que jamais haveria de existir um político que de fato se preocupasse com a gente e exercesse a função a que foi eleito. Que se preocupasse com o povo de Boa Vista. Mas eu acredito que estava enganada, pois eu sempre acreditei no ser humano, naquele que mesmo levando a vida de maneira tão sofrida, jamais deixa de acredita em dias melhores e na realização de seus sonhos. Sempre vi exemplos, principalmente nas comunidades mais pobres de pessoas que faziam a diferença, pessoas que transformavam comunidades inteiras através da bondade e do esforço coletivo. Eu sei que existe a bondade em todo ser humano, mas o mundo em que vivemos hoje em dia é tão duro, tão cansativo que dia após dia nós vamos nos rendendo a ele, vamos mudando pouco a pouco, parando de se importar com os outros, parando de ajudar, parando de acreditar. Mas não podemos nunca desistir. Se existe uma força que nos move é a esperança, a esperança em dias melhores, em oportunidades reais de melhora de nossas vidas. E isso quem vai fazer não são os outros por nós. A quantos anos a gente está jogando fora nosso voto? Aceitando mixarias para colocar lá no poder pessoas que jamais voltaram a olhar nos nossos olhos ? E por quanto tempo vocês vão aceitar isso? R$ 100,00 reais vale um voto? Talvez valha para aquele pai de família sofrido que não tem nada pra colocar no prato dos filhos, mas me diga, 100 reias valem 4 anos de completo desrespeito pela nossa sociedade? 100 reais ou qualquer outra coisa compra 1 dia, uma semana, mas não compram 4 anos. E se a gente não decide que isso já basta a gente não pode reclamar, tem que aceitar o que quer que façam com nossa cidade.
Boa Vista tem 118 anos, mas mesmo sendo centenária, possui ainda muitas características de uma cidade pequena, se comparada com São Paulo e Rio de Janeiro, mal parece uma capital. Mas isso esta prestes a mudar, esta vindo aí a ALC e a ZPE, a expectativa é de crescimento econômico do nosso Estado, de geração de empregos. Mas se não mantivermos os olhos abertos e os punhos preparados pra trabalhar estaremos sujeitos a outras características das cidades que cresceram de forma acelerada e desproporcional. Se não estivermos preparados, veremos milionários se formando em Boa Vista, mas também veremos uma desigualdade social gritante, veremos oportunidades de emprego, mas ninguém capacitado a assumir, veremos nossas ruas mais perigosas. É preciso entender que os problemas sempre ocorrerão, nunca viveremos em uma sociedade perfeita, pois o ser humano em sua essência é falho, mas podemos nos unir para construir condições de vida que nos é ideal. O ser humano é falho, mas é para isso que nós temos o outro ao lado, para nos apoiar, nos dar um Norte a seguir. E só com a união de pessoas verdadeiramente preocupadas com o futuro que teremos nos próximos 4 anos em Boa Vista, é que se pode acreditar, ter esperança.
Eu tomei uma decisão, a de pegar as rédeas de minha vida e parar de ser passiva ante o que fazem com nossa cidade, com meu lugar. Agora eu busco uma oportunidade, que sei que irei conseguir, para por um fim a toda essa injustiça, toda essa impunidade, e o pior, toda essa estagnação que se encontra nosso poder público. Eu acredito que os políticos podem ser honestos, eu acredito que a gente, o povo, pode fazer a diferença, e não é porque 200 já passaram e nada fizeram que eu vou abaixar a cabeça, me conformar e votar errado mais uma vez. Essa cidade não é dos políticos, essa cidade é dos boavistenses e dos que aqui escolheram morar, e somos nós que temos que reivindicar. Eu acredito na mudança. Mas não acredito em utopia. Sei que nada vai mudar daqui pra amanhã. Mas será que a gente não pode junto ao poder público melhorar nossas vidas pouco a pouco? Claro que pode. E um político qualquer pode dar, 50 ou 100 reais, por um voto, mas só alguém digno e de valor pode dar uma vida melhor. Acreditem juntos comigo que na humildade e na coerência a gente pode mudar, se não toda Boa Vista pra melhor, ao menos a gente pode provar pra toda Roraima e pra todo o Brasil, que existem pessoas honestas e quem se preocupam, sim, com os outros. É hora de provar que a política pode ainda mudar uma sociedade. E eu vou provar. Porque eu acredito!
Acho que todos nesse blog já repararam que eu tenho uma certa paixão pelas palavras, tanto aquelas proferidas pela boca, como aquelas lançadas no papel. Ontem, dia 06 de agosto estava eu a pensar justamente sobre isso, sobre o fato de gostar tanto de escrever, de contar, de falar. E tentei puxar do baú da memória de onde vinha essa característica minha. Não há, é claro um momento isolado que me transformou em um escritor, mas sim uma série de acontecimentos, convertidos em ensinamento, que oportunizaram o afloramento desta habilidade. Tudo começou quando ainda era muito pequeno,
Quando tinha 12 anos minha mãe me ligou na véspera de meu aniversário e perguntou, “você prefere Homem-Aranha ou Super-Homem?”, acho que essa foi uma das perguntas que mais me influenciaram em toda a vida, e a resposta foi cercada de questionamentos e incertezas, mas eu preferi o Homem-Aranha. Falei minha resposta e foi dada a largada para uma nova fase de experiências. Pois agora meus heróis não apenas não tomavam banho ou corriam em carrinhos de corrida, agora eles tinham poderes, eram complexos, matavam, morriam. Uma enxurrada de realidade trazida pelos seres mais fantasiosos que havia visto até então. Depois de um mês começou a chegar em minha casa a assinatura da Marvel que minha mãe fizera pra mim. Todo mês durante um ano, no dia 09, eu recebia um pacote preto, e dentro dele 06 revistas do selo Marvel de qualidade, teia e adamantium. Meus hobbies só se intensificaram. Meus desenhos agora eram complexos e americanos e minha leitura era agora sobre política, mutantes, relacionamentos, deuses do Olímpio e tudo o mais. Foi meu primeiro contato com um material puramente ateísta, por mais que eu não soubesse, afinal quem precisa de deus, quando se tem o spider ou quão verossímio pode ser um ser onipresente se quando as nuvens se abrem o que sai de lá é o Mijollnir e não ‘The God’? Nessa mesma época minha mãe começou a me dar livros, ainda infantis é claro, mas foi mais ou menos nessa época que comprei livros como Angus, Harry Potter, A Sétima Torre, entre outros. Desses anos, quando ainda morava em Belém, é que tenho a minha primeira lembrança sobre a escrita. Foi quando eu escrevi um pequeno texto, de uma página e mostrei para meus pais, nele eu falava sobre um tesouro, uma taberna e piratas. Um release de uma história que eu iria escrever, e que hoje nem lembro pra onde ia. A verdade é que era um texto fraco, prolixo e sem sentido. Mas na época era tudo o que eu precisava. Mostrei para todos que quiseram ler e todos me deram palmadinhas nas costas dizendo “muito bom, você tem futuro!”. Mas todos nós temos futuro, isso é uma questão relacionada a física e não com a perícia da escrita.
Com o passar de poucos anos desisti do desenho, e comecei a me apaixonar pela leitura. Era um verdadeiro aficionado por aquele bloco de folhas cheios de iconogramas repleto de mensagens. Não devo também deixar de dar os devidos créditos a minha mais influente maldição: pai bancário. É relavante citar isso, pois como já morei em diversos estados e cidades consequentemente tinha mais tempo pra mim, enquanto ainda não desfrutava do belo processo de ressociabilização.
Minha mãe sempre atenta as minhas potencialidades me incentivava, dando-me sempre livros em todas as datas comemorativas. Tive sorte, admito, pois pelos rumos que tomava seria facilmente engolido pelo “dark side” da leitura, me tornando um nerd negro seguidor dos RPGS (Retrocesso Pragmático da Gêmula Social). Mas isso não aconteceu, em parte pelo meu aspecto físico, ou seja, predisposição física e genética para o esporte e para olhares femininos, que repelia os nerds do “magic”. Outro fator que considero potencializador, para meu crescimento saudável dentro da leitura, foi a paixão por um tipo de rock menos nocivo aos neurônios, sempre fui fã do rock de letras rebeldes e muitas vezes descompromissadas, mas nunca um rock épico, magestoso, colossal e de cabelos longos e fétidos.
Em toda minha adolescência comecei a escrever diversas histórias, pois sempre quis escrever um livro, e todas elas morreram no meio do caminho. Nunca tive empenho suficiente para continuar com a caneta do papel depois da 10ª página. Mas graças ao bom lorde, nunca desisti da leitura.
Quando morei em fortaleza, anos atrás, bati meu recorde, 12 livros lidos em um ano, logicamente, todos de ficção, nenhum técnico ou apostila escolar.
Hoje, a minha meta não mudou, continuo querendo publicar um dia uma estória minha, ver um dia na prateleira o meu nome e quem sabe encontrar alguém com meu livro aberto em mãos. Seria sensacional.
Não acho tão difícil assim conquistar esse sonho. Só preciso estar sempre me esforçando para escrever minha história, A Moeda de Nora Char, talvez a única ou a primeira delas. Seria fascinante pra mim poder viver de minhas estórias, ganhar dinheiro com isso, e assim poder escrever mais. Mas sei que escrever um livro não é tão fácil assim. É questão de tempo e incentivo que muitas vezes não tenho. Sinceramente pra mim, só os comentários do blog, quando ainda postava minha história aqui já eram sensacionais, me incentivavam de forma suficiente para nunca parar. Mas outras prioridades surgem e a gente tem que deixar alguma coisa de lado. De qualquer forma, até o final do ano o que quer que eu tenha escrito será lido e criticado por vocês. Assim terei forças para terminar aquilo que comecei, mesmo sem saber, quando ainda era criança.
E na dedicatória vai estar lá:
“Para aqueles que leram a primeira linha, quando ela ainda não tinha um ponto final.”
Vai ser pra vocês.
Boa Leitura.