A Primeira Técnica de Suzeram
Lobo havia desarmado e deixado o possuído de joelhos, quando deu o sinal. Os três aztahli se apressaram em segurar seu companheiro no chão, Phil imobizou o braço e pisou sobre o calcanhar do rapaz, Jones fez o mesmo do outro lado, Dexter aplicou um mata leão se esforçando ao máximo para não estrangular o amigo. Ainda assim o fantoche lutava, fazendo com que os três tivessem de exigir o máximo de seus músculos para mantê-lo imóvel.
- Vamos lá, faça sua mágica! - Disse Jones entre dentes cerrados.
- ... é hora de você aprender a usar o poder que libertou. -
- A usar ? - Respondeu o samurai ao Grande Lobo Branco .
- A energia que era contida nessa pequena esfera, é a mesma contida em mim, em você, e nos horrores. Porém em diferentes proporções. - Uma pausa - É a energia da vida, e inevitavelmente, também da morte. Como meu agente, você é capaz de manipulá-la. -
- Como vou fazer isso ? - O homem falava com dificuldade, estava terrivelmente ferido.
- Basta querer, querer e se concentrar no que quer. Essa energia pode ser liberada, como acabou de acontecer, e de acordo com sua vontade, pode regenerar ferimentos ou matar. -
- No momento a idéia de regenerar ferimentos não soa nada má... - O samurai levou uma das mãos ao plexo, onde havia um buraco do tamanho de um punho.
- Mas, tem uma coisa que você não pode esquecer. -
- E o que é ? -
- A proporção. Utilizar esse poder para matar um horror seria fácil, posto que a energia que os apega ao corpo é mínima. Você possui a mesma quantidade que a de um ser humano, então para você, utilizar essa técnica para matar um ser humano seria desastroso, pois implicaria também na sua própria morte. Seguingo o mesmo raciocínio, ferimentos letais não poderão ser curados. Essa energia, kal, se recupera lentamente, de forma natural. Isso é tudo. -
- Ainda não tenho certeza se sei como fazer. -
- É melhor se empenhar, ou com esse ferimento não verá o dia de amanhã. O que seria péssimo pra nós dois não é ? - Os deuses tinham senso de humor. Foi assim que Lobo passou a encarar a existência do Grande Lobo Branco, ele só podia ser uma espécie de divindade. - A propósito, se ainda quiser descobrir sobre seu passado, deve partir para a floresta de Arkanum, na estrada para Vintara. Econtrará um velho amigo lá. -
Lobo sabia aonde ir, ainda possuía sua orientação bem como sua habilidade com a espada. As únicas coisas que lhe foram tiradas foram suas lembranças.
Dito aquilo, o Lobo Branco desaparecera. O samurai tivera uma noite terrivel no orfanato, onde por vezes acreditou que ia de fato morrer. Quando acordou na manhã seguinte, o ferimento estava curado. Não sabia dizer como tinha feito, se fora conciente não se lembrava. Mas agora precisava fazer, e não tinha muito tempo. Não para curar desta vez, para matar.
O Homem de Porcelana, que deixou o jovem soldado nesse estado, é seu semelhante. Portanto qualquer coisa que seja essa posseção deve usar kal, energia vital. Lobo não sabe em que proporção mas tem uma idéia. A kal usada não pode ser maior doque a de um ser humano, ou o soldado estaria morto. O samurai não pode arriscar usar uma quantidade baixa de energia, se errar talvez não haja uma segunda chance.
A idéia de Lobo é chegar o mais próximo que conseguir do limite antes de liberar a energia. Quase o suficiente para matar o rapaz e a ele próprio, supondo assim que destruirá a energia do Homem de Porcelana presente no corpo do rapaz.
Dexter não pode acreditar em seus olhos, seus músculos doem com a força empregada para manter o possuído imóvel, mas ele parece nem perceber. está impressionado com oque acontece diante dele.
O estranho esta parado diante do possuído, com o braço direito estendido, os dedos da mão abertos em garra, e tremendo violentamente, ao passo que o segura pelo punho com a outra mão, tentando mantê-lo sob controle. Não, não só o braço, o corpo todo do guerreiro treme violentamente, e Dexter pode ver por sua expressão que ele emprega grande força para manter-se controlado. Ainda assim, não é isso que impressiona o aztahli. Em volta do braço estendido do estranho há um turbilhão roxo, que brilha como se fossem pequenos raios de sol muito agitados.
A pergunta que se passava agora na mente de Lobo, a dúvida que o corroía era: conseguiria sentir o limite, mesmo nunca tendo feito isso antes? e se por um milagre conseguisse, o rapaz sobreviveria ? Ou dissolveriam-se todos nessa energia, ele o rapaz e seus três companheiros ?
O Grande Lobo havia dito que o segredo era querer, e ele queria. Concentrava toda sua vontade. Então, sentiu que seu corpo ia ceder, se despedaçar com o turbilhão roxo. E percebeu que era esse o limite.
- SOLTEM! CORRAM! - Bradou Lobo para os três aztahli.
Os três obedeceram. Dexter havia se afastado três passos, virou a cabeça para olhar ainda correndo . O possuído mal conseguira se levantar, o estranho encostara a mão em palma em seu peito. Aquele turbilhão brilhante se concentrou em sua mão e, explodiu em um clarão.
A energia foi liberada como um tornado arroxeado que se expandia em todas as direções e se dissipava, quando atingiu Dexter ele sentiu uma marretada no peito e caiu pra trás, sentado. Quando o clarão se dissipou, e ele pode enxergar, viu Jones e Phil a certa distância, eles levavam as mãos ao peito, e contorciam o rosto em dor. No centro, havia uma pequena cratera. Não havia sinal nem de Zaquerdon nem do estranho guerreiro.
Lobo atende de segunda à sexta fazendo exorcismos com materias nacionais e importantos.
Próximo Capítulo: Você se veste como um Ogin.