Thursday, March 15, 2007

A Moeda

A Moeda


Capítulo 1 - Barba Vermelha

Qualquer um é qualquer um quando não se tem amor. Pouco se é se as perspectivas são tão banalmente comuns. Prefiro whisk. E foi isso que ele tomou. Um grande gole desceu pela sua garganta, ardente. Olhou para as horas no relógio redondo do bar, conferiu com seu relógio de pulso, estavam sincronizados. Restava agora pouco menos de 30 minutos.

- Aqui está, homem! – falou com sua voz rouca. O dono do bar caminhou até ele e recebeu a nota de vinte reais.

- A dose só custou 5 reais. – o homem era gordo e possuía uma grande e vermelha barba. Que Ivan ignorou.

- Aceite a última caridade de um homem! – disse Ivan se levantando.

- Não sou mendigo! – o gordo assumia um tom forte e sério.

- Nem disse que você era! Agora, se pretende continuar com a conversa procure outro sujeito, ou de o troco para um mendigo de verdade, tenho pouco tempo e não vou perder aqui! – Seu tom calmo deixou o dono do bar ainda mais efervesço.

O gordo então apontou o dedo em riste para Ivan e antes de falar qualquer coisa cuspiu nas costas de Ivan, que vestia um terno cinza grafite.

- Eu reconheço seu tipo, vocês são cada vez mais comuns por aqui! – o gordo sustentava na face um semblante de profundo desgosto. – Eu tenho nojo de vocês! Nojo de sua raça! Sai daqui seu ciborgue-cult!

Ivan então gargalhou alto, parando um pouco antes da porta. O bar estava quase vazio, e poucos perceberam que o homem de terno com aparente 50 anos ganhara feições mais joviais quando sorrira tão abertamente. Ivan então se virou para o gordo, com um sorriso simpático que o gordo não gostou de ver.

- Eu não sou o que você pensa que sou! Não sou um ciborgue-cult, até tenho nojo deles também! – Enquanto falava suas mãos seguiram para os bolsos do paletó. O gordo assustado deu passo atrás, se o homem de paletó tentasse algo ele tiraria a escopeta atrás da prataria à sua direita. – Eu sou um humano normal...Quer dizer, não sou tão normal, afinal quem ainda usa paletó nos dias de hoje?

- Sai daqui, se você não é um ciborgue-cult com certeza é um lunático! Apenas desapareça daqui, você me dá calafrios!

- Cale-se você gordo-barba-vermelha! – o sorriso na face de Ivan se dissolvera. Agora ele olhava friamente para o dono do bar. – Ta na hora de você seguir o seu destino! MORRA!

Ivan tirou rapidamente a mão direita do bolso, em sua mão havia uma moeda prateada. Ele a atirou no peito do homem e antes que alcançasse seu destino Ivan foi arremessado três metros atrás. A escopeta fumegava na noite fria. A moeda se chocou com o peito do gordo e caiu no chão.

- Maldito lunático! – O gordo estava claramente exaltado, mas continuava firme. – Eu sou Tomás, filho da puta! Não é a toa que o nome do bar é Wayne, sou velho o suficiente para conhecer os velhos pistoleiros do cinema e habilmente novo para meter uma bala no seu peito!

As poucas pessoas do bar fitaram o acontecimento alertadas, mas em nenhum momento saíram correndo. E quando Tomás pegou o corpo de Ivan eles apenas voltaram para seu copo de veneno. O mundo já era violento demais para se preocupar com um pequeno assassinato.

Tomás levou o corpo para fora do bar e o jogou em cima de um amontoado de sacos de lixo. Dois ciborgues-cults andavam pelo outro lado da rua, suas feições estavam destruídas, mostrando as engrenagens da cabeça. Tomás deu dois tiros, um dos ciborgues entrou em uma das casas abandonadas, o outro teve a cabeça explodida. Pedaços de metal e líquido que Tomás não se interessava em saber se era sangue ou óleo jorrou na parede. Tomás resmungou alguma coisa e já foi voltando para o bar.

Lá dentro começou a limpar o chão ensangüentado com um pano umedecido, foi quando lembrou da moeda. A moeda que o lunático jogara nele. Só agora Tomás reparava que não havia corrido perigo de vida, o homem não tinha uma arma como pensara, muito pelo contrário. Um a moeda. Agora calmo Tomás se perguntava se o homem havia dito “morra” ou “morro”. Tomás achava que havia sido ‘morro’. Foi até o balcão e procurou a moeda, não demorou a achá-la. Girou-a na mão, havia o desenho de uma árvore de um lado e do outro uma cabra. Ao redor da árvore Tomás leu:

“Nove Vidas e Nove Mortes. Arvore de Chariou.”

Do outro lado havia escrito:

“Veneno, Mar, Desejo, Luz, Amarelo, Barba Vermelha, Canção, Nora-Char e Nora-Char.”

A palavra canção estava em brasa, como se tivesse acabo de ter sido forjada na moeda. Tomás levou a moeda ao balcão e a deixou lá em cima. Estava um pouco mais branco que de costume. Na moeda dizia barba vermelha, ele era o barba vermelha, foi assim que o morto o havia chamado. Fosse lá o que fosse Tomás não gostava daquilo. Não gostava de ser incluso em moedas misteriosas, coisa de fanático-hippie-macumbeiro, pensou Tomás. Então foi se certificar que o morto estava morto, talvez mais um tiro só pra garantir.



Próximo Capítulo: Cadê o morto?





Frederico.

7 comments:

Anonymous said...

Tah muito massa :D
cyborgues cult? sahuashsua
arvore de chariou eu conheço (:
era essa a historia que tu tava escrevendo?
vou te mandar a minha por e-mail.

Felipe Vencato said...

madei pro fredericoagmartins@gamil.com,
vê lah (:

Anonymous said...

Na verdade essa hist´roa não é a que eu to escrevendo! Essa daí é similar, alguns elemento apenas, mas é Special Edition para o blog! O nome é A Moeda de Nora-Char!
To indo lá ver.

Anonymous said...

Cara, muito bom esse também! Deixou bacana a quela vontade de saber oq vem a seguir. Mas vão ser só três capítulos mesmo??
UEHuheuauehea
E uma pequena aparição dos robôs de Eu, Robô na hora que ele vai pros fundos do bar?? HEaheaha

Anonymous said...

E pq começou com o "barba vermelha" e não com o "veneno"..
Pergunta besta. xP
E as palavras estavam circulando a moeda, tipo, na borda? Vamos enriquecer essa parada, quantas pessoas haviam no bar? Como elas eram? E quanto ao tamanho do bar?? Era grande ou era uma simples budega? O Tomás atirava bem mesmo ou era só pq a arma era uma 12?

Uheuhaeuahiush

Abraços galera

Anonymous said...

q oq dellano!!! ¬¬'
Tah muito FODA!!!! Sem nenhum adjetivo melhor pra adicionar!
Muito bom! Eh algo singular! fiquei muito curioso!!!!
Falous! vou ler a segunda parte!

Fred Martins said...

porraaa!
que massa escritor :)
auihaui :D
muito bem detalhada e claro muito bem escrita xP
abraço :*
/lcs