Monday, July 21, 2008

A Besta

O garoto ficou um bom tempo alí no sereno, na chuva calma da noite quente. Viu uma ave negra cortando o ceu como uma faca invisível e sentiu medo pela primeira vez. Os sons que viam das árvores pareciam vozes, mas era apenas o vento brincando com sua não existência. As gotas caiam lentamente no chão fazendo pequenos barulhos que juntos formavam um chiado baixo, como centenas de abelhas a centenas de quilômetros. O garoto apertou ainda mais forte a corrente em suas mãos, um entrelaçado de anéis de prata, sem fecho. Talvez partido de seu pescoço. O garoto tinha lágrima nos olhos e trêmia a cada novo relámpago que disparava no ar e ia se encontrar em alguma árvore próxima, fazendo uma fogueira de fumaça forte e bailarina. Uma casa simples e de paredes brancas trêmia sob o som dos trovões. O garoto olhava para ela e sentia os olhos se encherem de lágrimas, queria entrar dentro dela, fugir de alguma coisa que vinha atrás, o perseguindo por entre as árvores. Gritou por sua mãe, mas não ouve resposta. Ele tentava lembrar do nome dela, talvez assim ela pudesse ouvir, mas não conseguiu lembrar, começava com a letra 'C'. Poderia ser Clara. Mas não era. E não deu jeto apertar a mão contra a testa, o nome não veio, e mais lágrimas rolaram. O medo começou a tomar uma forma, começou com uma agonia violenta e uma vontade de correr, e terminou com um rúgido das árvores as suas costas. O garoto se virou, sentindo a mente se curvando sobre o próprio pensamento, algo como subir em uma escada que desce ou mergulhar em um mar de ar. A corrente caiu no chão quando o garoto avistou uma besta saindo de trás das árvores. A besta era laranja e preta, como todo tigre, mas era maior e tinha olhos languidos e débeis. Como se por dentro não houvesse carne ou osssos, apenas fumaça cinza ou espíritos. O garoto tentou correr, mas os pés não saíram do chão, avistou a casa e viu uma pessoa na janela, parecia acenar, pedindo que fugisse ou que se escondesse. O garoto gritou e nada saiu de sua boca. Ele olhou novamente para a besta, mas o tigre não estava mais lá, em essência estava, mas agora não tinha mais os olhos lánguidos, e tinha a forma de uma cabra ou um bode. E então a besta avançou. Correu na direção do menino que só soluçou e aceitou seu destino, sentiu os pés sairem do chão e as mãos tatearem o vazio enquanto caiu em um buraco negro sem fim.


No instante em que caia eu acordava em minha cama, gemendo algo incompreensível. Fôra a segunda vez que eu tivera o mesmo sonho, a última quando eu tinha 8 anos. Sentei na cama, senti as lágrimas subindo aos olhos, levantei e fui procurar por minha mãe.

5 comments:

Anonymous said...

Viu o que dá dizer tchau ao seu amigo imaginário de infancia?? Seu bodinho que vc guardava no armário... Ele era o demônio e vc não sabia. Agora ele te quer de volta. Tã-tã-tãããããã...

UHAeuhaeuhaeiuae

Cara. Isso é bizarro. Deve ser pq vc tá passando por um momento difícil...
Mas enfim.
Bizarros tbm foram seus erros de português.
"trêmia" e "rúgido"
Agora procura no dicionário e escreve corretamente 10 vezes cada uma!!! >)

auheuhaeuhaeuheauhea


Abraço cara!

Gustavo Coimbra said...

shuahus!
Era o Estefano.. o Bodinho.

Bizarro! A besta era o capeta?

André Rezek said...

bem existe ah possibilidade de ser realmente o Estefano revoltado com sua renegação de sua existencia inexistente.. ou várias senas ruins que vc presenciou na infancia, ao qual vc não lembra..daii junta tudo isso num sonho dai quando vc se sente mal ou tah num momento ruim, vem atôna :]
ou um significado mais profundo.. seres, ou espíritos estrapomba capirotos querendo de avisar que o final estah proximo >D
ou nada disso..
^^

Fred Martins said...

huahuuhahuhua

Anonymous said...

Talvez uma experiência traumética com tigres.tinha zoológico em Tapioca ?

É bizarro ter o mesmo sonho, e deve ter marcado mesmo pratih se lembrar da infância até aqui. O estefano deve tar mesmo revoltado :P

ashusahsauhsah