Tuesday, June 12, 2007

A Moeda de Nora-Char. Cap 13.

A Moeda de Nora-Char



Capítulo 13 - Museu



A mulher da caverna, pois era isso que lembrava aquela loja imunda de trajes, no centro da cidade, pegou a blusa que Tomás apontava no alto de uma prateleira de madeira. Colocou dentro de um saco de papelão junto com mais 6 blusas. Duas moedas foram lançadas no balcão e a mulher olhou com desdém para o homem de trajes antiquados que as jogara e então entregou o saco para Tomás, o de barba vermelha.

O gordo tirou lá mesmo a jaqueta chamuscada, jogou-a em um canto da loja, sem muitos modos claro, e depois a blusa cheia de pedaços de estômago, que estavam duros como pedra. Quando ficou despido Ivan reparou nas diversas tatuagens que o homem tinha pelo corpo, uma em especial que memorizou pra não tão cedo esquecer.

- Onde você vai comprar suas roupas? – indagou Tomás, já vestido com sua nova blusa preta. – Não existe muita variedade por aqui!

- Onde encontro paletós?

Tomás sorriu e disse:

- Não se fazem mais ternos por essas bandas meu amigo! Os paletós sempre foram uma marca de status, e esse tipo de coisa a muito deixou de existir por aqui! Agora só vestimos esses trapos reciclados, até algodão virou peça rara!

O Zumbi fez cara de quem não havia ouvido, parecia irrefutável. Tomás decidiu ajudar afinal.

- Existe um antigo museu depredado a 15 minutos daqui, mas vai lhe custar mais do que 2 moedas para conseguir alguma coisa lá de dentro!

- Vamos logo!

O sol ia baixando lentamente, deixando o céu vermelho. Eles haviam dormido durante todo o dia, e já se sentiam melhor. Tomás comprara umas ervas com um velho e as esfregara no inchaço em seu ombro, que já doía menos. O que ainda o torturava era o corte na perna, do tiro que levara no embate contra os motoheads, que o fazia mancar e resmungar a cada passo.

Seria um belo final de tarde se não estivessem em um lugar que parecia ter sido atingido por uma explosão nuclear, que não apenas deixou tudo podre, negro, destruído, mas transformou as pessoas em pouco mais do que retardados. Apenas perambulavam de um lado para outro, feito cães, poucos ainda trabalhavam arduamente, produzindo algo que se pudesse usar e comer.

Tomás tinha a mão sempre sobre o coldre da .38 que levava no cinto. Muita gente circulava aquela hora pelas ruas, não haviam mais carros então todos seguiam ou a pé ou pelo bonde único da cidade. Entre a multidão alguns ciborgues cults caminhavam soltando ruídos agudos, alguns tinham a cara desfigurada, denunciando suas engrenagens e pequenas luzes vermelhas que piscavam ininterruptamente. Tomás sempre odiara aqueles pequenos pedaços de lata, a maioria das pessoas odiava, eles foram as únicas maquinas que não foram afetadas no blackout mundial, alguns disseram que novas tecnologias implantadas nos ciborgues cults os protegeram do que aconteceu, já outros espalhavam cartazes por todos os lados com dizeres:

Livrem-se dos ciborgues eles matarão seus bebês! Eles são espiões do Valley!

Mas ninguém negava que um ciborgue cult era útil, ainda mais naqueles tempos, eram programado para realizar qualquer função ordenada por seu dono e capaz de erguer até 15 vezes o próprio peso. E por mais que a desconfiança estivesse presente, nunca se viu um ciborgue machucar uma pessoa, nem mesmo quando ordenado a tal.

Todos os ciborgues tinham uma marca na testa, uma logo, apenas para diferenciá-los dos humanos. Mas de tempos em tempos alguns ciborgues eram descobertos vivendo como pessoas normais, sem marca, sem nada que os distingui-se de um humano comum e logo eram destruídos, e cada vez que isso acontecia mais milhares de ciborgues eram destruídos em protesto E mais tarde se descobria que arruaceiros é que tiravam as marcas na testa dos ciborgues, no fim era sempre tudo culpa dos humanos.

As máquinas não falavam, eram apenas uma casca humana, mas as pessoas eram tão estranhas agora que as vezes demoravam 10 anos para se perceber que o seu melhor amigo nunca envelhecia e soltava um bipe agudo a cada 30 segundos. Então martelavam sua cabeça até jorrar óleo e parafusos.

Tomás e Ivan saíram de uma pequena rua e entraram em uma grande praça circular, no centro do lugar se estendia uma grande estátua sem cabeça, algum monumento sem importância. Tomás apontou para o outro lado da praça onde Ivan leu acima escrito no cimento: Museu. Ao se aproximarem, Ivan entendeu o que Tomás quisera dizer com vai custar mais do que duas moedas. O lugar havia sido tomado por um grupo de pessoas que pixara na grande porta de madeira do lugar: Pise no primeiro degrau e o próximo será na escada para a morada de Deus! Ivan viu um pequeno buraco circular na madeira do portão e acreditou que se tentassem entrar muito provavelmente tiros sairiam por alí.

- Vai arriscar? – perguntou Tomás.

- Você tem certeza que tem algum paletó lá? – disse Ivan que mexia no bolso do paletó.

- Já estive lá dentro quando criança, haviam milhares de estatuas com essas roupas, a maioria deve ter sido destruída, mas ainda devem ter algumas inteiras! – respondeu Tomás – Mas vale a pena começar um tiroteio com 50 pessoas por causa de um terno?

- Quem falou em tiroteio?

Ivan tirou do bolso interno do paletó a moeda que Tomás havia visto antes, a tal moeda de Nora. Jogou-a pra cima e a aparou na mão. Sussurrou alguma coisa, que Tomás não conseguiu ouvir. Voltou a colocar a moeda no bolso. Ficou um segundo com a mão lá dentro segurando-a, passando ela entre os dedos. Retirou a mão e cuspiu no centro dela, se abaixou lentamente até ficar de cócoras, virou a palma e bateu no chão.

Tomás ouviu um baixo som quando a palma bateu. Clap! Mas Ivan ouviu um estrondo ensurdecedor, parecia milhares de vozes gemendo em uníssono. Era o mesmo som sempre.

- Char! – falou com sua voz mais grave e forte.

Por alguns segundos nada aconteceu. Quando Tomás ia abrir a boca para indagar Ivan, um alto estalo se ouviu de dentro do museu, madeira velha se movendo ou coisa assim. Tomás retirou a .38 do cinto e a manteve do lado do corpo. O portão se abriu lentamente empurrado por um homem de cada lado, três pessoas estavam de pé no centro. Caminharam lentamente até os dois, traziam em seus braços um amontoado de panos. Quando chegaram a dois metros Tomás reparou nos olhos virados dos homens, que pousaram os ternos lentamente no chão e voltaram para dentro do museu.

- Agora me veio um pergunta, porque você não usou essas coisas para matar os motoheads? – perguntou Tomás.

- Você confia em magia, gordo? – falou Ivan sem olhar nos olhos de Tomás – Eu não!



Próximo Capítulo: Olhos Abertos

6 comments:

Anonymous said...

gostei!
achei a narrativa legal, leve, boa de ser lida, as descriçoes sobre os ciborgues achei legal, por que ainda nao sabia nada sobre eles...agora as coisas estao ficando mais esclarecidas
falowz, como sempre estamos esperando o proximo!

Anonymous said...

/,,/
Pilar disse tudo.. Gostoso de ler.
Muito bom.


Já pensou, eu daqui a uns 7 anos dando martelada na cabeça do Freddy?
UAheuhauhiaee

Abraço!

Anonymous said...

HIHIhiaiahah
que massa ^^
tá cada vez mas massa
i essa indagação do tomas sobre a magia ?!
IHIiahhaihiahaiahiah
que massa mas só me pergunto ele poderia até usar a magia mas até ele completar esse rituais uns 3 motoheads já tinham metido uns balaços na kbeça deles xDD

muito bom freddy
;D

Anonymous said...

Achei engraçada a obsseção do Ivan por ternos, fez eu me perguntar qual seria a idade dele. Gostei de ver o "char" de novo :)

Gustavo Coimbra said...

suahushua!!!
pode crer!!!
eu pensei por um minuto q ele iria virar o diabao com voz de criança de novo..
suahushuahsuha
=DDD
muito bom!
flws.

Anonymous said...

pow.. ^^
narração boa mesmo..
mas por uns instantes achei ki ia rolá ação denovo..
mas ivam com sua moeda de 1 real.. detono
euiahus :)