Thursday, June 28, 2007

A Moeda de Nora-Char. Cap 16.

A Moeda de Nora-Char


Capítulo 16 -Entre os mortos e vivos


- Ghrraarrdddddd!

Ivan e Tomás ouviram o grito e deram um salto para trás, as mão apertaram os coldres das armas. Ivan apontou a lanterna para onde saíra o grito, uma entrada a direita do corredor principal, mas não enxergou nada. Caminhou lentamente e então pulou, apontando a colt em sua mão para o corredor. Tomás seguiu o movimento, mas quando a luz espantou a escuridão para longe os dois perceberam que não havia ninguém no pequeno corredor, que terminava em uma escada. Pelo menos ninguém vivo, constatou Ivan ao apontar a lanterna para o chão. Um homem, branco como um albino, jazia no chão, seu corpo ia da cabeça até o umbigo, a partir daí só havia tripas espalhadas no chão. O resto havia sido levado pelo que quer que seja escadaria acima, deixando um rastro largo de sangue fresco.

- Vamos embora daqui! – falou Ivan que respirava aceleradamente.

- Caralho, o que matou esse homem?

- Vai ficar pra descobrir?

Os dois aceleraram o passo. Respiração alta. A luz pulava de um lado para outro na mão inconstante de Ivan, que já procurava a moeda dentro do bolso. O barulho de bate estacas parecia aumentar a cada passo. Tomás olhou para as mãos, não sentia mais os próprios dedos, dormentes pela força exacerbada na arma.

- Estamos perto! – disse o gordo.

A lanterna de Ivan apontou para uma placa que pendia do teto, onde leram que o pátio de embarque estaria a pouco mais de 200 metros corredor a frente. Aceleraram o passo ainda mais, estavam quase correndo, Ivan tropeçou em alguma coisa dura, molhada, que ele fingiu não perceber que era uma cabeça, mas não chegou a cair no chão, os braços o empurraram de volta e desequilibradamente continuou a correr. As sombras que a lanterna criava pareciam se mover vacilantes, como pessoas. Só faltavam 50 metros.

O barulho dos bate estacas parecia mais alto e mais alto, e pela primeira vez Tomás achou que ele saia de sua cabeça. Assim como o frio e a umidade do lugar. Se acalme merda!

Um alto estalo soou atrás deles e um grito agudo fez Tomás virar rapidamente, o cano-de-fogo com dentes travados. Antes que a lanterna de Ivan iluminasse o corredor atrás deles, o cano-de-fogo gemeu, pedindo seu preço, e pelo som que se fez, de carne estraçalhando, foi recompensado. O clarão do tiro iluminou o corredor por menos de um segundo, e Tomás viu o corpo ensangüentado voando no ar. Um homem baixo, talvez um anão, Não era um criança, pela mor de deus!, desejou Tomás, já correndo novamente. Ivan não conseguiu acompanhar o que aconteceu, e por isso ficou calado, se limitando a correr com o máximo de velocidade que suas pernas permitiam.

O gordo vinha logo atrás, sentindo as pernas queimarem com o ácido lácteo. Até o ombro parecia doer novamente. E como estava frio.

- Ali estão as catracas! – falou Ivan, ofegante.

Os dois pularam algumas caixas que estavam jogadas em seu caminho. De trás de uma delas saiu uma mão imunda, enrolada em trapos, que segurou a perna de Tomás. Quando o gordo se virou viu a silhueta de um homem magro, albino, e por um segundo parou de tremer, ficou como seu pai, Agora é sem medo, meu amigo!, falou uma voz em sua cabeça. Tomás destravou o maxilar da criatura com o cabo da escopeta, um estalo seco. Virou e viu que Ivan já seguia 10 passos a frente.

Um amontoado de lixo escorado nas catracas dificultava a passagem, Ivan empurrou o monte com força, mas ele não cedeu. Tomás chegou logo depois e com um único chute fez a passagem ceder, espalhando lixo pelo lugar. Passaram rapidamente. Já iam continuar a correr quando se deram conta que haviam chegado.

Estavam finalmente no pátio. O alto som de bate estacas parecia ter diminuído até virar apenas um zunido grave. O frio também sumira, dando lugar ao calor agradável. Ivan colocou as mãos no joelho, não para descansar, nem se sentia cansado, era para se acalmar, estava tenso. Já Tomás se sentara no chão frio do lugar. Respirava desordenadamente e sentia o coração bater com tanta força que doía.

- Meu..Deus...- tentou dizer e respirar Tomás – A gente estava correndo do que mesmo?

- Acho que do escuro! – respondeu Ivan – O Expresss deve chegar aqui em alguns segundos!

Ivan levou então a lanterna para ver se havia mais alguém no pátio, com sorte não veria mais ninguém naquele lugar. Com azar veria apenas a realidade, e por um segundo desejou não ter levado luz ao que viu.

- Go-gordo?! – gaguejou Ivan – Gordo!

Tomás olhou para Ivan, e então para o fecho de luz. Sentiu os pelos se eriçarem, menos os das costas, que não tinha mais. O pátio estava cheio de pessoas jogadas no chão, entre escombros, entre lixo. E quando Tomás forçou um pouco mais a visão reparou nos membros pelo chão, cabeças, corpos. E lixo, muito lixo.

- Quando foi que a gente desceu a escada pro inferno? – Tomás tinha a face dura, as mãos tremendo, mas fingia estar bem.

Ivan passava a luz de um lado para o outro, e em todo lugar, lá estavam eles, os subumanos. A luz parecia acordá-los de um transe, começavam a se virar e olhar para Ivan e Tomás, alguns tinha facas nas mãos, outros barras de ferro e até mesmo outros membros.

- Talvez eles não queiram confus...! – Ivan falava quando uma barra de metal girou no ar, lançada de qualquer lugar, a barra atingiu a mão de Ivan jogando a lanterna no chão, espatifando-a. Automaticamente um breu se desceu em todo o lugar, não havia nenhuma fonte de luz, apenas um tecido negro em todos os olhos.

- Eu já falei que eu te odeio? – disse Tomás à Ivan.

O som de passos se tornou nítido, os subumanos se moviam. Alguns se afastavam com medo dos estranhos. Outros apenas procuravam algo pontudo para abrir a cabeça dos intrusos. Alguém comeria naquela noite. Era sempre noite no lugar. Era sempre hora de comer.

- Não te conheço gordo! – disse Ivan – Mas se não há um sorriso estampado agora mesmo no seu rosto, eu sempre estive errado sobre você!

- No inferno...- começou Tomás.

-...beije o Diabo! – concluiu Ivan com um sorriso não mais são do que os dos subumanos que ali estavam – Você pode me dar alguns flashes? Não estou vendo nada!

- Enquanto eu tiver balas, será um prazer!

Tomás sentiu os músculos se enrijecerem, um calor em toda a pele. Estava ansioso, era o cano-de-fogo em suas mãos que estava sussurrando, pedindo alguma coisa que ele já sabia o que era. Morram lunáticos! Antes de dar o primeiro disparo, um som metálico adentrou o pátio, junto com uma veloz luz que deu contornos mais claros na escuridão. O Express acabara de chegar.

- Quanto tempo o Express vai ficar ali parado? – perguntou Ivan.

- Acho que dois minutos!

Ivan correu, Tomás foi atrás. Os flashes dando vida, ou seria morte ao lugar. Se houvesse luz os subumanos teriam visto que os dois tinham longos chifres na cabeça. Um deles tinha um rabo negro e o outro uma barba feita de ossos. Os dois riam. O mundoabaixo deixava todos um pouco loucos afinal.


Capítulo 17 - Todo bom companheiro tem um nome




obs: A Moeda de Nora-Char entrará em um pequeno recesso. Apenas um descanso para Tomás e Ivan. Mas logo, logo, A Moeda de Nora Char estará de volta trazendo o desfecho deste embate, Zuma, a história de Ivan e muito mais.

7 comments:

Anonymous said...

gostei do elemento "corrida" nessa historia....tipow eles com medo pra caralho, sem nem saber realmente do que...
pra mim a frase de efeito desse capítulo foi:"Os flashes dando vida, ou seria morte ao lugar."
gostei muito!
falowz!

Gustavo Coimbra said...

Porra muito bom!!!
esse mas do q nenhum me lembrou torre negra, nao totalmente mas em parte.
Muito bom!!!!!
flw.

Anonymous said...

Caraca!! Muito bom! =D

Mas iaê, corre farinha láctea no sangue do Tomás é?!? Uheiaheiauhs
É ácido lático pô. xD


Me lembrou aquela parte de "O Pistoleiro" quando eles entram naquele túneo..

Abraço!

Anonymous said...

farinha láctea??

......o que dizer do dellano?

Anonymous said...

uheoiuas :P
prq o freddy escreceu ácio lácteo =p
e na verdade é ácido lático
eiuohais
dae esse dellano é ratardado xD
e mais um cap mto bom mesmo ^^
deu até medo do mundoabaixo
euoihaus :}

Anonymous said...

telezé... muito bom mesmo
;D
aquela parte:


- No inferno...- começou Tomás.
-...beije o Diabo! – concluiu Ivan com um sorriso

muito loco bixuu

quando o negocio tá dificiu é ai que começa a diverção
xD
é isso aê muito bomm
ancioso pro proximo
;D

Anonymous said...

powha agora que fui ler, muito louco, acho que o melhor ateh agora, bastante suspense.
abraço aew! :D