Expoferno : O Piercing Negro

Nossa estoria começa em uma pequena província ao sul do equador, quando Bombacha é convidado para ir a expoferr ver o show de Xitãozinho e Xororó por seu irmão, o Quase-Médico . "vocês nunca chegarão lá a tempo" diziam todos pelo caminho, mas, misteriosamente, as ruas estavam desertas e o caminho, livre.
Em algum ponto do caminho (perto do km508) a estrada estava bloqueada e havia um policial trajando um estranho capuz, no acostamento.
- O que aconteceu?- perguntou o Quase-Médico
- Houve um acidente que bloqueou a estrada, peguem este desvio, e chegarão lá com quase nenhum atraso- disse a voz soturna do policial.
O Quase-Médico dirigiu para o desvio, uma vicinal estreita à direita da pista principal, o policial acenava um tchauzinho para eles semi-iluminado pelos faróis. Havia, Bombacha percebeu, um sorriso malicioso no rosto do vulto soturno.
Avançaram por meia hora pela estreita vicinal, sem nenhuma luz além dos farois do carro, as arvores mal iluminadas parecendo vultos de pessoas grandes demais ao redor do caminho sombrio.
- Olhe! chegamos! - Disse Bombacha, apontando para um portal onde lêra "Bem Vindo a Expoferr"
- Aquele policial nos deu um bom atalho! - disse o Quase-Médico.
Passaram pela placa, e avançaram para as luzes adiante, que acreditavam ser a feira de exposições. Talvez tenham passado pela placa rapido demais, pois oque ela realmente trazia escrito em sangue era "Bem Vindo a Expoferno".

***
-Que bando de gente estranha!- E Bombacha não disse isso a toa: cabocos-emos, e toda sorte de esquisitisses perambulava pela feira, como se tivessem saído de um circo dos horrores.
- E essa música então!- Comentou o quase médico, se referindo ao super hit "Fazer Valer na Cama" que bombava no volume máximo nas caixas de som em volta.
Andaram mais alguns minutos pela feira, os passatempos eram no mínimo mais estranhos que as pessoas, havia "Campeonato de Enterramento de Bode Ornamental" e "Corrida de Defunto Reanimado por Vodu" então, conseguiram chegar ao show e só la desconfiaram que havia alguma coisa errada na feira.
-Oque diabos é isso?- Comentaram os dois, perplexos ante a cena no palco: Xitãozinho mandava um rap com letras obcenas enquanto Xororó detonava na melhor coreografia funk.
- A que ponto a música brasileira desceu...- Comentou o Quase-Médico, que também era Quase-Músico.
-Vou achar algo pra comer- disse Bombacha. E se arrependeria amargamente dessas palavras momentos mais tarde.

***
Caminhou sozinho pela feira alguns minutos, mas não achou nada que agradasse os olhos, tudo parecia meio cru e cheio de sangue. Se perguntava se acharia um churrasco tipicamente gaúcho em algum lugar por ali.
- E ai amigo!- disse uma voz as suas costas.
Como se alguem tivesse ouvido seus pensamentos e feito uma piada de mau gosto, parado diante dele, vestindo uma sunga e portando uma bola de vôlei, estava o gaúcho do GRESB.
- Digaê - disse bombacha, ainda um tanto perplexo.
- Procurando um churrasco sem os pais tchê? - respondeu o Caótico sorrindo.
-Intão- respondeu Bombacha, se perguntando se a cor do céu sempre fora vermelho sangue.
- Naquela tenda ali tem um churrasco muito do bom tchê! mas tem que comer, mesmo se tiver ruim. -
- Valeu - E caminhou em direção a tenda, de nome "AbrasHell".

***
O churrasco realmente estava bom, e Bombacha até achou divertida a brincadeira do garçom que disse que era feito de carne humana. Quando terminava de comer, um sujeito barbado de óculos sentou em sua mesa.
-Boa noite! curtindo a feira?- O rapaz perguntou, com olhos maliciosos.
- È a feira é bem... Inusitada. Ei! porquê você ta usando esses chifrinhos vermelhos? - respondeu bombacha, olhando atônito para a testa do rapaz.
-Chifres? que Chifres?- Não haviam chifres, mas ele poderia jurar que estavam lá um segundo atras.
-Deixa pra lá, quem é você? -
-Eu sou o Diab... digo, me chame de Freak. Procurando diversão meu jovem?-
- É pode ser.-
- Eu tenho esse ingresso para o brinquedo mais divertido do parque- uma leve chama apareceu em sua mão e depois um papel azul no lugar dela- e tudo que você tem a faser é assinar esse pequeno contrato.-
Bombacha assinou destraidamente o papel preto, tinha se cortado enquanto jantava, sem perceber, assinou em sangue.
-Nunca foi tão facil - Murmurou Freak.
- O que você disse?-
- Nada não- E desapareceu, nas chamas da churrasqueira da AbrasHell.
***
Em Hebraíco antigo, Potos significa Sofrimento Extremo, e Landis, significa Terra. Alheio a esse conhecimento, Bombacha entrou no Parque Potolândia, ou, Terra do Sofrimento Extremo.
Procurou pelo brinquedo do qual Freak falara, quando estava quase desistindo ouviu uma voz.
- Fique tranquilo - Disse o Homem do Piercing Negro, ou Homem Negro do Piercing.
- Quem é você? -
- Eu tenho o brinquedo que procura - respondeu em sua voz, estranhamente anestesiada, zen.
Bombacha entregou-lhe o ingresso azul, e ele abriu a porta do PotoBrinquedo. Dentro da câmara escura, uma tela se acendeu, e um especial de uma semana ininterrupta de A Praça é Nossa começou.
- Infernal! hahahahahahahaha- Ria o Homem do Piercing Negro ou Homem... ah que seja. Batendo inútilmente na porta trancada, Bombacha estava em agonia extrema, sentindo a dor em seu coração aumentar a cada piada sem graça. Não havia saída. Não havia esperança. Não havia... Uma voz.
Acorda porra! - Gritava a voz em sua cabeça
***
Ainda meio com sono, Bombacha acorda no banco do passageiro do corsa, o Quase-Médico olhando-o preucupado.
-Você estava gritando dormindo coisas como "velha surda não!" ou "parrrrrrrla mestre!" - disse ele.
- Ah... - Disse bombacha lembrando-se do sonho - Deixa pra lá-
Saíram do engarrafamento na frente da expoferr e dirigiram a toda para casa, perto do km508, um policial acenou. Bombacha podia jurar que ele estava sorrindo.



Fiz esse texto pra narrar minhas aventuras com o Tiago na Expoferr, que foi um verdadeiro Expoferno mesmo, aconteceu muito mais coisa, e a parte do xitãosinho mandando um rap ( pasmem) é verdade.




km 508, flpain.